Museu da Alemanha se nega a devolver fóssil contrabandeado do Araripe

Por Rodrigo de Oliveira Andrade

O Museu de História Natural de Karlsruhe, na Alemanha, informou em comunicado enviado à Sociedade Brasileira de Paleontologia (SBP) no início de setembro que não devolverá o fóssil de Ubirajara jubatus, exemplar raro de dinossauro do Cretáceo Inferior, período geológico que durou de 146 milhões a 100 milhões de anos atrás. O material foi encontrado na bacia do Araripe, na divisa dos estados do Ceará, Piauí e Pernambuco, e retirado ilegalmente do Brasil em 1995.

A instituição alega que o fóssil chegou antes de 2007. Por causa de uma legislação promulgada em 2016 – a Lei de Proteção de Propriedade Cultural (Kulturgutschutzgesetz) –, a Alemanha não se vê obrigada a devolver fósseis e outros bens culturais originários de outros países adquiridos até 2007. Eles não estariam sujeitos à Convenção da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), de 1970, que determina a devolução de bens culturais comprovadamente originários de outras regiões do mundo. O fóssil de U. jubatus seria, assim, parte legal da coleção do museu de Karlsruhe, pois teria sido importado em conformidade com as regulamentações vigentes. Ocorre que, no Brasil, os fósseis são considerados propriedade do Estado, sejam eles encontrados em terras públicas ou privadas, e não podem ser retirados do país nem comercializados.

A primeira lei brasileira sobre patrimônio fossilífero data de 1942 e estabelece que a extração desses materiais depende de autorização do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) – em 2018, o órgão passou a se chamar Agência Nacional de Mineração (ANM), vinculada ao Ministério de Minas e Energia. Em 1990, o antigo Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) publicou uma portaria estipulando que cientistas estrangeiros precisariam também de sua autorização para fazer coletas no Brasil. Um ano depois, a Lei de Usurpação definiu como crime a exploração de matéria-prima pertencente à União sem autorização.

O holótipo de U. jubatus foi encontrado na bacia do Araripe, mas desde 1995 integra a coleção do Museu de Karlsruhe, na Alemanha – Smyth, R. et al. Cretaceous Research.

Segundo Renato Ghilardi, presidente da SBP, o argumento usado pelo museu alemão para não devolver o holótipo – peça única que serve de base para a descrição de uma nova espécie – é preocupante porque pode abrir precedente para que também não devolvam outros fósseis contrabandeados do Brasil que integram seu acervo. “Essa decisão pode estimular instituições de outros países a fazerem o mesmo”, diz o pesquisador, que antes da decisão anunciada neste mês estava em contato com o museu alemão para discutir a devolução do fóssil e evitar que o caso chegasse à Justiça. Ele conta que o museu estava disposto a negociar e parecia haver consenso de que a devolução do holótipo seria o caminho mais adequado para encerrar essa disputa. “A pandemia do novo coronavírus comprometeu as conversas, que se tornaram menos frequentes. Até que no início de setembro recebemos uma mensagem do paleontólogo Eberhard Frey, curador do museu de Karlsruhe, informando-nos sobre essa lei alemã e que não pretendiam devolver o material.”

U. jubatus tinha o tamanho de uma galinha, andava sobre duas patas e o corpo era coberto por fios longos e finos – uma forma rudimentar de penas. Sua descrição se deu em um estudo publicado em fins de 2020 na revista Cretaceous Research por uma equipe internacional de pesquisadores, entre eles Frey.

Para atestar a legalidade do holótipo, ele apresentou aos editores da publicação um documento emitido e assinado em 1995 por José Betimar Melo Filgueira, à época chefe do escritório regional do antigo DNPM no Crato, Ceará. O ofício autorizava o transporte de “duas caixas contendo amostras calcárias com fósseis, sem nenhum valor comercial, com o objetivo precípuo de proceder estudos paleontológicos”. O documento, porém, não especificava quantos e quais fósseis estavam naquelas caixas nem dizia nada sobre serem enviados definitivamente para fora do país. “Do modo como foi redigido, os autores podem continuar a descrever novas espécies pelos próximos 20 anos alegando que todos os holótipos saíram de dentro delas”, disse a paleontóloga Aline Ghilardi, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em entrevista a Pesquisa FAPESP em março.

A decisão anunciada pelo museu de Karlsruhe provocou ampla repercussão nas redes sociais, com numerosos protestos enviados à instituição alemã. Dezenas de cientistas se mobilizaram para exigir a devolução do material. Em meio às críticas e a pedido da SBP, a Cretaceous Research retirou o artigo do ar até que as questões levantadas fossem esclarecidas. Renato Ghilardi teme que Frey agora use a legislação alemã para exortar os editores do periódico a restabelecer o acesso ao artigo.

Representação artística de Tupandactylus navigans (à esq.), espécie de pterossauro do Cretáceo cujo fóssil foi recuperado pela Polícia Federal em 2013 (à dir.) – Victor Beccari

 

Questão internacional

O tráfico de fósseis é um problema em vários países. No Brasil, tende a se concentrar na bacia do Araripe. Em parte, porque a região é conhecida como uma das poucas a abrigar fósseis de animais pré-históricos com tecidos moles bem preservados. Os fósseis contrabandeados costumam ser enviados ao exterior pelos portos, sobretudo os de São Paulo e do Rio de Janeiro, dentro de contêineres no meio de outros materiais, dificultando sua identificação pelos fiscais alfandegários.

Recentemente, a polícia francesa interceptou mais de mil fósseis do Araripe em um carregamento de pedras de quartzo. Em 2013, a Polícia Federal conseguiu interceptar um carregamento com 3 mil amostras em uma operação contra o tráfico de fósseis no porto de Santos. Os materiais, todos do Araripe, foram encaminhados pelas autoridades à Universidade de São Paulo (USP) para análise e catalogação. No meio das peças estava um exemplar quase completo de Tupandactylus navigans, espécie de pterossauro do Cretáceo, analisado em detalhes em um estudo publicado em agosto na PLOS ONE por um grupo de pesquisadores brasileiros e portugueses, tendo à frente o paleontólogo Victor Beccari, que acaba de concluir o mestrado pela Universidade Nova de Lisboa, Portugal, e está associado à USP.

Até então, as amostras encontradas permitiam saber apenas poucos detalhes sobre o crânio do animal. Agora, dado o bom estado de conservação do fóssil apreendido em 2013 e o fato de ele estar praticamente completo, é possível ter uma ideia mais clara e abrangente de seu tamanho e hábitos alimentares. Segundo o artigo, T. navigans tinha aproximadamente 2,5 metros de envergadura e cerca de 1 metro de altura – quase metade correspondente à longa crista sobre sua cabeça. Devia se alimentar essencialmente de sementes, abacaxis ou frutos duros.

Os pesquisadores pretendem se aprofundar no estudo do exemplar. O objetivo é, entre outras coisas, usar luz ultravioleta para tentar estimar a coloração de sua crista. “Isso mostra que o Brasil dispõe de pesquisadores e infraestrutura adequada para coletar, estudar e preservar seus fósseis”, ressalta Renato Ghilardi.

por blog do Roberto Gonçalves.

MEC divulga resultado do Sisu 2021.

O Ministério da Educação divulgou hoje (10) o resultado da chamada regular do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) referente ao segundo semestre de 2021. O Sisu é o principal mecanismo de acesso a cursos de universidades, centros universitários e faculdades públicas. Ele toma como referência a nota obtida pelo aluno no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

A consulta do resultado pode ser feita na página do Sisu e nas instituições para as quais fizeram a inscrição.

A matrícula dos selecionados deve ser feita a partir de amanhã (11), até o dia 16 de agosto. “Devem ser observados os dias, horários e locais de atendimento definidos por cada instituição em seu edital próprio”, informou, em nota, o Ministério da Educação.

Os candidatos não selecionados na chamada única poderão ainda manifestar interesse por meio da lista de espera do Sisu, entre os dias 10 e 16 de agosto. Essa lista de espera é utilizada, prioritariamente, pelas instituições participantes do programa para preenchimento das vagas eventualmente não ocupadas na chamada regular.

O resultado dessa relação será divulgado no dia 18, com a convocação para a matrícula no dia 19.

Foram disponibilizadas 62.365 vagas em universidades e outras instituições de ensino superior, este ano. Cada candidato pôde escolher até dois cursos superiores, com a possibilidade de alterar as opções até o encerramento das inscrições.

Pode participar do Sisu quem fez o Enem e não tirou zero na redação. A seleção é feita com base nas notas que o candidato obteve na prova, mas o método de escolha varia conforme o curso e a instituição. Isso porque os pesos das notas em cada matéria são diferentes, conforme a área de interesse.

por Agência Brasil.

 

ENS

Termina hoje prazo para pagamento da taxa de inscrição do Enem 2021.

Termina hoje (19) o prazo para pagamento, via GRU Cobrança, da taxa de inscrição no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) edição 2021. O valor da taxa é de R$ 85 e deve ser paga até o fim do dia.

“O participante deve se atentar ao horário estabelecido pela sua instituição financeira para realização de pagamentos on-line”, alerta o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela prova. A inscrição para o exame só será confirmada após a realização do pagamento da taxa de inscrição.

De acordo com o instituto, 4.004.764 pessoas estão inscritas para a edição 2021 do Enem – número que corresponde às duas versões do exame (impressa e digital).

Provas
As provas do Enem 2021 serão aplicadas nos dias 21 e 28 de novembro – tanto a versão digital quanto a impressa. As duas versões também terão a mesma estrutura de prova: quatro cadernos de questões e a redação.

Cada prova terá 45 questões de múltipla escolha, que, no caso do Enem Digital, serão apresentadas na tela do computador. Já a redação será realizada em formato impresso, nos mesmos moldes de aplicação e correção da versão em papel. Os participantes receberão folhas de rascunho nos dois dias.

No primeiro dia, serão aplicadas as provas de linguagens; códigos e suas tecnologias; e ciências humanas e suas tecnologias, além da redação. A aplicação regular terá cinco horas e 30 minutos de duração. No segundo dia, as provas serão de ciências da natureza e suas tecnologias; e matemática e suas tecnologias. Nesse caso, a aplicação regular terá cinco horas de duração.

Por: Agência Brasil.

Fonte: ENS